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Gente que fez a diferença

A cultura é a memória genética de um povo.
Não existe a palavra “nação” se não existirem os costumes, as artes, a ideologia e o folclore que une um povo e o transforma em nação.
Logo nação não é delimitação geográfica, pois independe de divisas territoriais.


A cultura de uma terra pode ser medida por seus valores humanos, ou seja, pessoas, que foram além, fizeram mais, ultrapassaram fronteiras e divulgaram seu “povo”, muito além do esperado, ou do usual.


A importância dessas pessoas, se dá, também por seu legado intelectual.


Ao longo de nossa história, tivemos pessoas que contribuíram e foram além.

Por uma infinidade de motivos, que não cabem analisar no momento, os principais personagens da historia de Bragança Paulista, quase sempre fizeram sucesso, ou atingiram sua plenitude intelectual longe dos limites do município. Muitos não nasceram aqui, mas para cá vieram por laços familiares ou profissionais e escolheram a cidade como ponto de partida para atingirem ideais sócio-culturais.
São poucos aqueles que passaram a vida em Braganca e ainda assim fizeram a diferença, pois diante de perseguições veladas de uma sociedade conservadora, e uma justiça motivada pela preservação de privilégios, esses sofriam as conseqüências sociais por não adaptarem-se ao lugar comum, denunciando as injustiças, ou  introduzindo o povo em  discussões  permitidas somente aos “donos do poder”, através da política, ou de ações culturais.
Portanto, face a mediocridade burguesa, herdeira de uma economia decadente, escravocrata e dependente de favores oficiais, com diminutos recursos intelectuais, “o auto-exílio” tornou-se, muitas vezes, a única saída aos que pensam na sociedade justa e por conseqüência não suportam conviver com interesses menores.
No mais alto degrau de um podium destinado aos que lutaram por essa sociedade justa, com acesso à cultura, procuramos destacar alguns nomes importantes, sem nos esquecermos daqueles que ainda batalham nessas trincheiras e que por certo serão lembrados no futuro.

Américo de Campos

Um dos mais importantes jornalistas do Brasil,  nascido em Bragança, faleceu em janeiro de 1900 em Nápoles, na Itália.
Republicano convicto, lutou ao lado de Rangel Pestana na “Província de São Paulo”.
Lutou contra a escravidão, colocando-se contra os senhores de terras de Bragança e de todo Estado de São Paulo. Levava aos tribunais as causas dos renegados. Foi apontado como perigoso à sociedade, assim como ainda hoje acontece com aqueles que  escolhem a luta pelos mais fracos como opção de vida. 

 

Foi convidado pelo governo provisório a ser cônsul do Brasil na Itália, onde ficou até a morte. Fundador do jornal que originou "O Estado de São Paulo"..

Honório Líbero

Figura ímpar,  faleceu aos 84 anos de idade, na cidade do Rio de Janeiro. Detestava a lisonja sob qualquer aspecto. Incapaz de ser subserviente.  Médico para quem a caridade não era apenas uma palavra.  Quando no Império, o país se dividia entre liberais e conservadores, Honório ousou ser um progressista.
Funda em 1876 o Clube dos Republicanos, onde recebe em 88 Bernardino de Campos, para uma palestra que marca a história republicana da cidade. Em 89 seria a vez de Campos Sales, mas a banda local se recusa a tocar. Os conservadores da época fazem de tudo para impedir a presença de Campos Sales na cidade. Mas Honório não desiste e seu partido cresce a cada dia, fazendo frente aos conservadores chefiados pelo cel.  Jacinto Osório de Lócio e Silva e aos liberais, comandados pelo padre Simplicio  Bueno de Silveira.
Proclamada a República, Bragança passa a ser governada por uma junta composta pelos senhores Honório Líbero, Jose H. P. Guimarães,  Eliseu Guilherme,  Manuel Ferreira de Carvalho e Manoel Asprino. Esses podiam governar sem ter vergonha, pois nunca foram liberais ou conservadores, mas choveram adesões. Coisa muito comum ainda hoje.
Vieram as eleições e Jose H. P. Guimarães é eleito deputado estadual.
Honório transfere sua residência para São Paulo, como diretor do Gabinete Médico Legal.
Viveu seus últimos anos com a  tristeza de ter ajudado a criar um regime que no início da década de 30 estava, para ele, em decadência. Falece ano após a morte da esposa Zerbina de Toledo, levando consigo, parte de nosso patrimônio moral e intelectual.

Gabriel da Silveira Vasconcelos

Após a morte de seu pai assume a família com muita luta, aos 13 anos. Forma-se em Farmácia em Ouro Preto, assim como faria seu irmão, Cândido Fontoura, anos mais  tarde, com a sua ajuda. Não se prendia a farmácia, tinha visão e sonhava alto: queria unir o estado  por meio de linhas telefônicas.
Por seu esforço conseguiu tornar o serviço da Telefônica Bragantina superior ao da companhia Telefônica de São Paulo, fazendo com esta uma fusão da qual saiu o serviço existente em conjunto até a década de 1960. Foi o verdadeiro fundador das ligações interurbanas no interior do estado de São Paulo. Faleceu ainda jovem, aos 52 anos.

José H. P. Guimarães

Chegou a Bragança em meados de 1880, vindo do Recife, tendo se formado em medicina na faculdade da Bahia. Em pouco tempo já era conhecido por Dr. Guimarães. Tornou-se jornalista combativo, polêmico e sarcástico. Não se conformava com a política de troca de favores, onde os poderosos estavam sempre prontos a defender os opressores.
Em 1896 funda a Gazeta Republicana e anos mais tarde, o jornal “O Republicano”. Foi eleito deputado estadual em 1892, rebelando-se contra o sistema que pretendia molda-lo.
“Não nasci para ouvir ladainhas e dizer amém!”

Escreveu vários artigos famosos e um estudo de 323 páginas, na união médica do Rio de janeiro, intitulado:  O tratamento da Coréia pelas pulverizações etéreas. Faleceu em Santos em 1936.

Waldemar Ferreira

O Dr. Valdemar Ferreira nasceu em 2 de dezembro de 1875, no Bairro do Agudo, iniciando seus estudos no colégio mineiro. Em 1926, foi um dos fundadores do Partido Democrático de São Paulo.
Em 23 de maio de 1932 foi empossado no cargo de Secretário da Justiça e da Segurança Pública , nomeado  pelo interventor de São Paulo, embaixador Pedro de Toledo. Fez parte do movimento constitucionalista de 9 de Julho, sendo, após, recolhido ao presídio militar do Meyer, no Rio de Janeiro e dali exilado em primeiro de Novembro de 1932. Em Lisboa, foi acolhido pela faculdade de direito, onde em março de 1933, realizou um curso de direito comercial, produzindo uma série de conferências que foram reunidas em volume, então publicado em Portugal:  “As Diretrizes do Direito Mercantil Brasileiro”. Recebeu da faculdade de direito de Lisboa o título de Dr.”Honóris Causa”, honraria somente concedida a três grandes juristas franceses, Leon Duguit, Louis Jossrand e Edouard Lamberte. De volta ao Brasil, em junho de 1934 é nomeado professor Catedrático de História do Direito Nacional na Universidade de São Paulo. No mesmo ano foi eleito Deputado Federal pelo Partido Constitucionalista de São Paulo, e escolhido líder de sua bancada e porta voz de seu partido. Dissolvida a Câmara dos Deputados em 19 de novembro de 1937, regressa a São Paulo onde volta a trabalhar como advogado, sendo aposentado compulsóriamente, por decreto em 13 de janeiro de 1939, por conveniência do regime, aposentadoria revertida somente em 22 de maio de 1941. Publicou cerca de 40 livros na área do direito.

“A política é a mais ingrata das atividades. É difícil manejar os homens mal intencionados, viciosos dos aproveitamentos de ocasiões oportunas ou locupletações indecorosas”.

Cândido Fontoura

 Alguns farmacêuticos, cujas farmácias se tornaram tradicionais e obtiveram o maior sucesso, enveredaram para a fabricação em série de medicamentos, dando origem às primeiras indústrias farmacêuticas nacionais. Um dos casos mais notáveis foi o de Cândido Fontoura. Formado em 1905, numa das primeiras turmas do curso de farmácia de São Paulo, Cândido Fontoura usou sua curiosidade de pesquisador ao criar um tônico para sua esposa, que tinha saúde bastante frágil. A fórmula foi tão benéfica, que após três meses, outras pessoas também começaram a procurar aquele tônico, que entre outras coisas estimulava o apetite.

Naquela época, eram comuns as mortes de parturientes pela febre puerperal e de um número excessivo de crianças com menos de um ano. Mas a grave endemia que atacava a população era a ancilostomíase, tão bem caracterizada por Monteiro Lobato no "Almanaque do Jeca Tatu", editado pelo Laboratório Fontoura. O biotônico fornecia o ferro necessário à reconstrução da hemoglobina devorada pelo Ancilostomus duodenali, produtor do mal da terra ou amarelão. O almanaque ensinava em palavras simples, como ocorria o ciclo do mal da terra e através do Jeca Tatu explicava que os ovos do ancilóstomo eram depositados no solo junto às fezes, pois naqueles tempos, as touceiras de bananas serviam de instalações sanitárias. Uma vez no solo, os ovos produziam as larvas que penetravam nas solas dos pés, já que mais de 90% da população no campo andava descalça. As larvas caiam na circulação, desenvolviam-se, fixavam-se nas paredes intestinais, onde parasitavam a hemoglobina do sangue e botavam ovos que eram expelidos pelas fezes, iniciando novamente o ciclo
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Cásper Líbero

Cásper Líbero foi um jornalista visionário, sempre atento às novas tecnologias. Preocupado com a democracia e o respeito à cidadania, desenvolveu um grupo de comunicação pioneiro e inovador.

Nascido em Bragança Paulista, estudou direito na Faculdade do Largo São Francisco. Mas o bacharelado pouco lhe serviu, pois ele optou pelo jornalismo e logo após a sua formatura, em 1911, fundou com alguns amigos o jornal Última Hora. O mesmo grupo de amigos, criou em 1912, a primeira agência de notícias do país, a Agência Americana. Em seguida, partiu para o jornal O Estado de S.Paulo, onde atuou como chefe da sucursal carioca.
Homem de grande visão editorial e de marketing, Cásper adquiriu em 1918 o jornal A Gazeta onde teve espaço para botar em prática muitas das suas idéias. Uma das primeiras inovações, foi dividir o jornal em suplementos especializados, separando-os por assunto, como fazem muitos dos jornais de hoje. Nesse período surgiram A Gazeta em Rotogravura, a Gazeta Magazine, a Gazeta Infantil ( o primeiro caderno jornalístico feito exclusivamente para o público infantil) e A Gazeta Esportiva que, com o sucesso, tornou-se um jornal independente.
Mais uma vez, A Gazeta saiu na frente quando, em 1930, importou uma moderníssima impressora da Europa e entrou para a história como o primeiro jornal do Brasil a ser impresso em cores.
Durante a Revolução Constitucionalista de 1932, Cásper Líbero à frente do jornal participou ativamente da luta contra Vargas. Nesta ocasião, a redação do jornal foi, por duas vezes, invadida e destruída por simpatizantes de Getúlio. Cásper teve que partir para o exílio.
Tempos depois, o Estado indenizou Cásper pelos ataques ao jornal. Com o dinheiro, construiu o Palácio da Imprensa, o primeiro prédio do Brasil com a exclusiva finalidade de abrigar um jornal, sua redação, arquivo, parque gráfico, administração e um auditório.
Hoje, o marketing esportivo movimenta milhões de dólares em todo o mundo, mas Cásper Líbero já parecia pressentir isso  na década de 1920. Além de utilizar A Gazeta Esportiva para incentivar o público a comparecer aos jogos e provas, também criou diversas competições. Algumas, até hoje, pertencem ao calendário oficial do país como a Prova Ciclística Nove de Julho e a Corrida de São Silvestre, uma das mais famosas corridas pedestres do mundo. Outras provas também fizeram muito sucesso, como a prova de natação Travessia de São Paulo realizada no rio Tietê, o torneio de futebol de várzea Cidade de São Paulo e os Jogos Universitários Brasileiros.
Em dia com as novas tecnologias, em 15 de março de 1943, inaugurou a Rádio Gazeta, sendo um dos primeiros adeptos do país à mídia eletrônica.  A Fundação Cásper Líbero, instituição criada logo após a morte do jornalista, fundou em 1970 a TV Gazeta, afim de dar continuidade à obra de seu patrono. Recentemente, a Fundação também passou a integrar a rede da Internet.
Em 27 de agosto de 1943, Cásper Líbero morre aos 54 anos. O avião "Cidade de São Paulo" bate na torre da Escola Naval ao tentar pousar no Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro (RJ). Morrem 17 pessoas, entre elas o jornalista Cásper Líbero, e o arcebispo de São Paulo, Dom José Gaspar de Affonseca e Silva
Em seu testamento, Cásper determinou a criação de uma escola de jornalismo, a Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero, e de uma instituição sem fins lucrativos, a Fundação Cásper Líbero, para administrar as suas empresas jornalísticas e manter  vivo os seus ideais.

 


27.ago.1943 O avião "Cidade de São Paulo" bate na torre da Escola Naval ao tentar pousar no Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro (RJ). Morrem 17 pessoas, entre elas o jornalista Cásper Líbero, diretor dos jornais "A Gazeta" e "A Gazeta Esportiva" e da "Rádio Gazeta", e o arcebispo de São Paulo, Dom José Gaspar de Affonseca e Silva

Olympio Guilherme

O Valentino bragantino

 No início dos anos 20, do século passado, Guilherme sai de Bragança com destino à capital, onde trabalharia como repórter, num dos principais jornais da época.

“Era  a época do cinema mudo e no Brasil um grupo de intelectuais, artistas e cineastas, criava o Ciclo de Cataguases.
Na segunda metade da década de 1920, um concurso em nível nacional, destinado a eleger um rapaz e uma moça para fazer carreira em Hollywood, pré-selecionou Olímpio Guilherme e Lia Tora.O  concurso em questão,  elegeria também  um substituto para Rodolfo Valentino que, acabara de falecer.
Olimpio Guilherme foi contratado pelos estúdios da Fox, mas mesmo sendo mais parecido com Valentino, no porte e estilo de ser, foi preterido pelo ator Italiano Alberto Rabagliatti.
Olympio teria participado de pelo menos cinco filmes produzidos pelos estúdios da Fox, contracenando com Norma Gaytan, faz com que a esperada dupla brasileira, formada por ele e Lia Tora, acabasse por não acontecer.  Participou do primeiro filme falado da história do cinema, “O cantor de Jazz”.
Com seriedade pessoal e profissional, Olympio Guilherme passa a participar de concursos na Hollywood de ouro e assim conseguiu recursos para rodar um filme escrito, dirigido e interpretado por ele. Hunger (Fome), era o título de sua história, que segundo consta, não agradou as autoridades americanas por excesso de realismo, nunca bem-vindos  numa época de crise.
Em uma cena de acidente, deixou-se atropelar, numa rua movimentada, sem que o motorista soubesse que estava sendo filmado, e que aquilo era uma cena de cinema, para tornar mais real e barato uma seqüência do filme.

 

Apesar de suas idéias bastante avançadas sobre cinema, Olimpio Guilherme abandonou as câmeras e dedicou-se aos estudos econômicos e literatura. No ano de 1929, após a quebra da bolsa de Nova Iorque, Olimpio Guilherme, perde todo seu capital e passa a dedicar-se a literatura. Escreve “Hollyood”, um romance que retrata a vida dos tipos que conheceu na Meca do cinema mundial, depois vem  “América”, um livro sobre impressões dos Estados Unidos. Mais tarde  vieram outros livros como, “União Soviética & USA”, “A Margem da Política Norte-Americana”,  “Luta Pelo Petróleo Boliviano” etc. Com antecedência de muitos anos, ele ditou as normas de sustentação do cinema brasileiro:

    O cinema devia analisar os fenômenos da vida nacional, interessar-se pelos nossos problemas educativos e raciais, investigar as causas de nossas deficiências econômicas. Ao filme vazio que explorasse os dramas comuns, devia-se antepor o filme que propagasse idéias.

Dirigiu ainda a revista “Observador Econômico e Financeiro” e escreveu uma dezena de livros. Morreu em meio a suas memórias de Hollywood, aos 71 anos de idade, em sua casa no Rio.


“Sei bem que a minha "mania" de brasileiro aborrece muita gente, mas eu não nasci, positivamente, com o destino de ser "bom rapaz".

Guilherme de Almeida, sobre Olympio Guilherme

É preciso advertir que o elogio da influência cultural norte-americana não colide absolutamente com o patriotismo de Guilherme de Almeida: na verdade, modernismo e nacionalismo encontram-se intrinsicamente unidos em sua concepção estético-cultural , em que o cinema figura tanto quanto dissiminador, entre nós, dos hábitos e dos costumes, enfim, do estilo civilizado do hemisfério setentrional, e, principalmente, do "modus vivendi" norte-americano quanto divulgador, lá fora, da imagem e da identidade de um Brasil moderno e civilizado, devidamente inserido no fluxo renovador do século. Tal circunstância patenteia-se por exemplo, na campanha promovida pelo poeta, em sua coluna, com o fito de preservar o nome brasileiro de um ator tupiniquim selecionado pela Fox para atuar no cinema Hollywoodiano. Ao esteriótipo do jovem de porte atlético, bem educado e com ares civilizados e aristocráticos, não deve se contrapor a identidade nacional brasileira: " Olympio Guilherme - o feliz brasileiro que a Fox em boa hora escolheu para nos representar em seus estúdios - escreveu-nos uma carta delicada e fina desmentindo a notícia que nós e outros jornais publicamos, sobre a escolha de um novo nome para a sua vida artística (...) . Conhecemos pessoalmente Olympio Guilherme. Sabemos da sua inteligência desembaraçada e viva; do seu físico sadio, moço, insinuante; da sua educação, das suas maneiras de " gentleman"; da sua decidida e forte inclinação artística. Olympio Guilherme tem, pois, todas as qualidades que possam exigir um astro cinematográfico, tem todos os elementos de vitória para a sua futura carreira. Só não tem um nome: um nome que só por si - escreve-nos ele - diga ao mundo inteiro que sou 'brasileiro"

Paulo Afonso Grisolli

Paulo Afonso Grisolli nasceu em Bragança Paulista, em 1934. Diretor e autor. Um dos pioneiros da revolução cênica que transforma o teatro brasileiro no fim da década de 60. Nos anos 70, cria o grupo A Comunidade, que funde palco e platéia.
A repercussão dos seus primeiros trabalhos, ainda amadores, proporcionou-lhe uma bolsa do governo francês, para estagiar no Théâtre National Populaire, em Paris, com Jean Villar, e no Théâtre de la Cité de Villeurbanne, com Roger Planchon. Na volta para o Brasil, organizou em Niterói o Grupo Mambembe, em 1963 e no Rio de Janeiro, o Teatro de Repertório em 1965. Estreiou no teatro profissional. assinando cinco montagens consecutivas, das quais a de maior importância histórica é Onde Canta o Sabiá, de Gastão Tojeiro, 1966, na qual se serve da moral da belle époque para comentar a revolução sexual dos anos 60. Em 1968 volta a criar o grupo experimental, A Comunidade, sediado no Museu de Arte Moderna, em cujo espetáculo inaugural, A Parábola da Megera Indomável, faz a sua estréia como autor, além de assinar a direção e desempenhar o papel principal. Volta ao teatro profissional e atua também como diretor de shows musicais no Teatro Casa Grande, entre 1968 e 1972. A partir de 1973, dedica-se à televisão como diretor de casos especiais, seriados e minisséries. A atividade teatral torna-se mais esporádica. Editor do Caderno B do Jornal do Brasil, de 1964 a 1972, e, de 1975 a 1979, foi diretor geral do Departamento de Cultura da Secretaria de Educação e Cultura do Estado do Rio de Janeiro.

Xico Experiencia 

Francisco Cezar Palma de Araújo  - "Tenho medo mas não fujo". Era uma brincadeira dele, sempre que chamado pelo nome completo. Cerca de 30 dias antes de morrer, ele me enviou por e-mail, um texto dele, sobre ele mesmo.



O editor pede que o autor fale de si. O leitor tem o direito de saber quem foi o lunático que endereçou horas e horas de sua vida a gatafunhar a traquitana que vai à estampa.

Autor de livros, escritor, ficcionista, romancista, ET, maluco, folclórico, no atual contexto surrealista da cultura brasileira,  são termos (quase) sinônimos.
Puisé, e eu sou isso, pelo menos é o que me dizem. Quer dizer, acho, pois a única certeza escarrada que tenho é não ter elementos pra ter certeza alguma a propósito de qualquer coisa.
Mas enfim, quem sou? De saída: o autor, o culpado. Melhorou nadinha né?  Bem, na realidade um historiador metido a escritor. Ou um escritor disfarçado de historiador. Ou as duas coisas, quem sabe mesmo o inverso disso.
E com alguns óbvios de minha geração na valise do currículo  sobrevivi  aos anos de chumbo e tento sobreviver aos cínicos. Fiz poesia e teatro, tive alguns acidentes de percurso com a censura.
Meu disfarce preferido  é o de cidadão acima de qualquer suspeita  pra isso muní-me  de todos os sacramentos da respeitabilidade: tenho certidão de nascimento,  certificado de reservista, certidão de casamento com averbação de divórcio, RG, CPF, conta bancária com cadastro (razoavelmente) em ordem, diploma de licenciatura em História pela PUCCAMP, idem de pós-graduação em Arquivologia pela UNICAMP, e-mail, carteira assinada, carteira de habilitação, telefone, fax, currículo certificado, y otras cositas más. Uma filha e quatro netas. Disfarce tão bem costurado que de vez em quando até eu acredito nele.
Emplaquei sessenta anos e “O Alfaiate” foi meu segundo romance  o primeiro (O TOQUE DO SILÊNCIO, Brasiliense, 1967), foi um fiasco. Valeu pra aprender umas tantas coisas que um romance não deve ter.
Sou um tanto perfeccionista nos meus textos e escrevo muito devagar  assim sendo, tenho a pretensão de escrever ao menos mais uns trinta romances (não psicografados), um por década. Espero que a ciência me ajude nessa empreita, deposito muita fé na referida. Afinal, depois de milagres como a bomba atômica, penicilina, viagem à lua, internet, macdonalds e aldeia global, dar-me uma forcinha de sobrevida não deve ser assim tão complicado...
Valeu a pena ter mandado para ao papel  a história do alfaiate Vittorio, senão por outros motivos, ao menos por vingança. Pois o tal é um chato, atormentou-me por coisa aí de oito anos. Oremos

José Luiz Del Roio

Entre as muitas atividades de José Luiz Del Roio, nascido em Bragança, no dia 12 de maio de 1942, destaca-se o Fórum Mondiale Delle Alternative, mas essa é apenas uma parte da luta desse brasileiro que, tornou-se um cidadão mundial.  Del  Roio era membro do PCB em 1964, quando deu-se o Golpe Militar. Foi fundador da ALN (Aliança Libertadora Nacional), em companhia de Carlos Marighela que, se tornaria o maior líder oposicionista da esquerda.    Em 1969 José Luiz sai do país para contatos políticos na França, Argélia e Tchecoslováquia onde grupos internacionais ajudavam a “montar  a resistência” aos golpistas brasileiros, mas é pego de surpresa pela morte de Marighela. Sem poder voltar ao Brasil, torna-se um embaixador da resistência.
Em 1977, se estabelece na Itália dirigindo os Arquivos da História Social e Operária.
Com apoio da Fundação Feltrinelli consegue salvar os arquivos históricos do operariado brasileiro,
Em 1979, com a anistia, volta a visitar o Brasil e passa a fazer parte de vários projetos sociais. No governo FHC colaborou com o Ministério do Desenvolvimento Agrário.
Hoje, além do Fórum Mundial de Desenvolvimento (mais de 100 foruns realizados no mundo), é presidente da Delegação Européia para a Agricultura Familiar Brasileira, projeto que tem levado a produção alternativa, para ser vendida na Europa.
José Luiz que já tem 17 livros publicados é ainda professor para a formação de quadros voluntários para trabalhos em terceiro mundo. É comentarista Político Internacional na RAI há 30 anos e correspondente da Radiobras, além de trabalhar na NetWork-Popular da Itália.
Casado com uma professora universitária suíça atualmente mora em Roma. Filiado ao Partido da Refundação Comunista, Del Roio foi eleito senador nas eleições de 2006

Antonio Cezar Peluso

    

Foi Ministro do Superior Tribunal Federal, e presidente da casa, indicado pelo Presidente da República, Luis Ignácio Lula da Silva  é filho de Daniel Deusdedit Peluso e Maria Apparecida Bueno Peluso, nascido em 3 de setembro de 1942 em Bragança Paulista .
Quando foi nomeado ao cargo de Ministro no STF era Desembargador do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, Membro efetivo do Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, Professor Regente de Direito Processual Civil, na Faculdade Paulista de Direito da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e Diretor da revista "Diálogos e Debates", da Escola Paulista da Magistratura.
Graduou-se em Ciências Jurídicas, na   Faculdade Católica de Direito de Santos.  pós-graduou-se, com Doutorado em Direito Processual Civil, Mestrado em Direito Civil, e em Direito Processual         civil.
Exerceu a função de Juiz, em diversos municípios, desde 1968.
Além de obras, na área de Direito, publicou também obras literárias que lhes valeram vários prêmios, em  diversos  concursos.

LIVROS PUBLICADOS:

"Da Preclusão Processual Civil", "Estatuto da Criança e do Adolescente Comentado",  "Repertório de Jurisprudência e Doutrina sobre Direito de Família e "Uma Palavra aos Novos Juizes".

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